AOS TEUS OLHOS A POESIA.

DA MINHA QUERÊNCIA


Cassiano Eduardo Pinto


O aguaceiro do céu derrama as lágrimas do pranto...
O payador deixa brotar do peito a fina flor do canto,
Recitando as belezas dos campos bordados em flor,
De um potro escramuçando no fundo do corredor!

É puro, é minuano prenunciando a invernia,
Trazendo as melodias de um povo haragano
Forjado na fibra do velho taita pampeano,
Inspirando a poesia na china, no cusco e no pingo.

Neste abril que se foi num upa, trago por sinuelo
As ânsias xucras dos regalos da minha querência;
A simples obediência do piazito com os pais...
- E mais - ao piazito a benquerença dos pais!

Parece remoçar em nós pelos fogões galponeiros
O legado dos avós no “era boi” dos tropeiros...
Na encilha do gateado pra curar algum bixado,
Pelas razões e obrigações de um campeador.

- Por isso cada guitarra tem um caudilho em seu costado,
Como um palanque entonado anunciando
Nova revolução para pelear em meio a multidão,
Sem sangue nem mais judiaria, defendendo
A pureza e a ideologia “Del gaucho” ancestral!


Fotografia: Mate no Galpão, Ricardo Bampi, 2009.